Um poeta não pode apenas ter domínio da
expressão escrita:
deveria, possuir primeiramente,
por respeito aos primórdios,
a fluente expressão oral
e
gestual de quem declama uma canção ao vento...
Um poeta e um celebrante, devem ser eco
de si mesmos
No domínio de suas catedrais de
ressonância
Como quem lança a palavra como flexa de
precisão
Acústica.
Um poeta, um celebrante e um louco,
devem dançar
Ao sabor da percepção
Das marés internas e externas em sua
interação contínua
No campo energético.
Corrigindo minhas harmonias, percebi-me
E venho buscando aprender ser poeta e
instrumento de mim
Também na expressão do afeto.
Não posso reverberar minha poesia se
meus momentos de prazer
Todos não forem dedicados a fazer:
poesia de cada gesto,
De cada silêncio de cada olhar,
O pão de cada dia, isso que não se vê
mas nos preenche,
A nossa arte.
Uma letra, um desenho,
Uma gota que mistura,
Tudo tessituras.
Resta ao poeta o eterno alcançar,
Mas de minha parte, fico satisfeito
Com esta fresta de luz vindo sobre a lã
cinza de minha cela,
Com este arpão forjado para segurar e
puxar,
Com este alimento do espírito em que eu
posso descansar.
Não há heroísmo sem bravura,
Ainda que a esta seja dada toda ternura,
O poeta encontra o gozo em si mesmo
encantado,
Traspassado da poesia que o atinge no
momento em pausado turbilhão,
E gera a engendração das gerações, a
canção das ruas, o panfleto ao chão.
Íntima a hora da morte para quem é
avisado de partir,
Mais fina que uma persiana de pestanas,
o entreluz
De quem se vai mas se fica no corpo,
feita a luz:
E mesmo assim é preciso poesia de si
para si, nessa hora
Onde os paramos se acendem na distância
de todas as coisas
E a alma expressa a última linha, pois quem
é sincero consigo
Ali se saciará da graça na poesia da
vida.
Juiz de Fora, 5 de Junho de 2013
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